Bem vindo ao pedaço de realidade

sábado, 28 de abril de 2012

Fictício

Talvez eu tenha mudado o suficiente
Para nem me conhecer.
Talvez eu tenha mudado e me transformado em quem eu sempre deveria ser,
Ou queria conhecer...
Mas mudar nem sempre é bom
Transformações geram reações, e elas...
Mas quem se importa?
 Com quem fui, com quem sou, com quem vou ser?
Quem se importa?
Quem se importa da onde vim, para onde irei?
Quem se importa?
Quem se importa com o que sinto?
Pra quem minto?
Talvez eu não tenha mudado tanto
Talvez seja só o encanto
Ou o pranto...


 Aline Acazoubelo

Desabafo XXX

Felicidade?
Disse o mais tolo: "Felicidade não existe."
O intelectual: "Não no sentido lato."
O empresário: "Desde que haja lucro."
 O operário: "Sem emprego, nem pensar!"
O cientista: "Ainda será descoberta."
O místico: "Está escrito nas estrelas."
O político: "Poder"
A igreja: "Sem tristeza? Impossível.... (Amém)"
 O poeta riu de todos, E por alguns minutos... Foi feliz!

 Felicidade? - O Teatro Mágico

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Não se fazem mais pessoas como antigamente

Desde o começo da minha existência, ou desde que eu tenho noção e lembrança dos meus atos, me ensinaram a ter compaixão. Ensinaram-me que alguns acontecimentos podem ter diversas interpretações e que devemos respeitar o sofrimento dos outros. Nunca fui, e espero não me tornar, uma pessoa que gosta de rir da desgraça dos outros, afinal não gosto que riam do meu.
Há dois dias, tudo ocorria normalmente. Aquele era um dia normal para muitas pessoas. Ate certo horário para mim era mais um dia e só, mas uma noticia mudou ate minha percepção de “humanidade”... Não quero me ater a muitos detalhes e nomes, só quero escrever um desabafo e tentar não me esquecer do acontecido. E se com esse texto eu conseguir fazer uma pessoa refletir, eu me considerarei vitoriosa.


Estava na faculdade como quase todos os dias, tudo estava normal. Esperava o professor, que já estava atrasado uns dez a vinte minutos. A maioria das pessoas desistiu e foi embora. Sobraram três pessoas do curso e uma que me acompanhava. O professor chegou, nos pediu para entrarmos na sala e enquanto sentávamos ele falava ao telefone. A aula acontecia normalmente apesar do numero super reduzido de alunos, e da tensão de uma prova que acabara de ser marcada. Éramos apenas quatro pessoas em uma sala e aquela era a melhor aula, até que depois de uns dez minutos o celular do professor tocou. Ela não atendeu a primeira chamada, mas na segunda ele nos informa:
-Desculpa gente, mas eu vou ter que atender, pois meu pai esta na UTI...
O choque nos abateu por alguns segundos, mas nenhum comentário sobre isso foi feito. Mal sabíamos o que aguardávamos...
Ele volta e informa com muita pressa enquanto se arrumava:
-A aula esta suspensa. Meu pai acabou de falecer. A prova esta adiada para a próxima quinta. Informem os outros. Boa tarde...
Fiquei com um nó na garganta e um embrulho no estomago. Pensava no que podia fazer para ajudar e o que poderia falar e... Ele foi embora. Eu olhei para as pessoas na esperança de ter entendido errado, mas nada era mentira.
Ficamos em silencio e depois saímos conversado sobre o acontecido. Falamos sobre o profissionalismo que levou um filho a escolher ministrar uma aula para dois alunos e não estar ao lado de seu pai em um momento tão complexo, sobre o quanto deveria ser duro receber esse tipo de noticia e o quanto nós respeitaríamos aquele ser humano a partir daquele momento.
Enquanto andávamos encontramos mais alunos do curso e fomos os informar sobre o ocorrido. Estávamos abalados, mas o professor havia pedido.
Chegamos e tentamos falar com calma e clareza.
-Gente, teve aula...
-Mentira?! E ele já liberou? Ele vez chamada?
-O pai dele morreu e ele foi embora. A prova ta adiada pra quinta-feira...
-Ele não deu aula? Ele fez a chamada?
-Deu ate receber a noticia. Ele acabou, acabou de morrer, cara. Tava no meio da aula e... -tentei contar
-Ele fez chamada?
-Fez... Cês levaram falta! -falamos com um tom de irritação
-Droga!!! Levamos duas faltas...
Fiquei pasma e só consegui falar:
-Caramba! O pai dele morreu e vocês estão preocupados com faltas?!
-Claro!! To quase reprovada em Teoria e...
Sai. Não precisava ouvir mais nada. Meus olhos já estavam marejados e eu não queria permanecer um segundo se quer na presença de pessoas tão insensíveis e egoístas.
Poxa, ele veio mesmo com um familiar na UTI, chega, vê apenas dois alunos, tenta dar uma aula, recebe a noticia da morte do pai e os alunos que não estava presente em sala só se preocupam em quantas faltas levaram?! Não esboçam uma reação de compaixão ou respeito?! Que humanidade é essa? Que tipo de profissionais serão esses universitários? Profissionais que só se preocupam com seu próprio umbigo?! Mas... Afinal, o que é ser humano? É apenas ser ‘umano’? Sinceramente. Ou eu estou no mundo errado ou não se fazer mais pessoas como antigamente.